Esquenta KPTA: Os melhores do segundo semestre

2021 se despede de nós, então é hora das famosas listas de fim de ano. Como forma de esquenta para o nosso KPTA, já fizemos uma lista de melhores do primeiro semestre, então não deixe de ver nossos escolhidos lá, porque agora é hora de falar de tudo que foi lançado no segundo semestre de 2021.

Tal qual o primeiro semestre, de julho para cá tivemos mais debuts ótimos de carinhas novas e também de carinhas já conhecidas (BILLLIE, IVE, DO HANSE, XDINARY HEROES e mais). Os comebacks dessa parte dois do ano também não ficaram para trás e trouxeram diversas emoções para a equipe e também seus fãs (como E’LAST, ONF, ATEEZ, WEEEKLY, CIGNATURE e vários outros). E é claro que não podemos esquecer dos solistas que, assim, um beijo do chefe (WOODZ, KEY, SUNMI, LEE HI).

E aqui é KPT, então gostamos de tanta coisa que algumas tiveram que ficar de fora. Repetimos o feito do primeiro post do Esquenta, então você vai conferir três listas de top 15 formadas através de votos de três membros da equipe do K-Pop Top Podcast (By, Cambs e Caio. A Sam está ocupada com as doguinhas dela e, assim, ela está certa).

As três listas são: uma para melhor álbum, mini-álbum ou single album; uma para melhor música título ou single; e uma para melhor b-sides, ou seja, aquelas músicas que fazem parte do álbum lançado, mas não ganharam MV e/ou foram promovidas pelos idols.

Os critérios também são os mesmos do nosso primeiro Esquenta, mas vamos relembrar para vocês: o lançamento precisa ter acontecido entre 1º de julho e 28 de dezembro de 2021, e precisa ser cantado em coreano. Músicas em outras línguas que nós curtimos vocês poderão ver…. em um futuro próximo, shhh.

Enfim, vamos para as listas de melhores do segundo semestre de 2021:

Lado B

1. ATEEZ – Turbulence

By

Fã é uma galera emocionada, e quando você chega no k-pop, parece que essa emoção triplica. Numa cultura em que o relacionamento dos artistas com seus fãs é fundamental para solidificar sua carreira, faixas especiais e conceitos que possam levar o público a se interessar num nível pessoal são essenciais. Dos recém-debutados aos mais veteranos, sempre vai ter pelo menos uma música que deixe os fãs emotivos. No caso do ATEEZ, temos várias, mas a aquisição mais recente foi Turbulence que, em tese, é uma segunda título, mas recebeu o tratamento de b-side, por isso veio parar aqui.

Lançada uma semana antes da liberação do mini-álbum ZERO: FEVER EPILOGUE que fechou de vez a era FEVER iniciada em julho de 2020, Turbulence é uma das faixas mais sentimentais do ATEEZ nos mais diversos aspectos. Pra começar, a faixa foi definida por alguns dos membros como tendo a mesma energia da favorita Utopia, o que se provou verdade embora não tenha o mesmo aspecto vitorioso da música do “Episode 3”; o que fica ao final de Turbulence é aquela sensação de outro lado da moeda, de um final positivo, mas exausto e isso também casa com a história contada na versão Diary dessa era, na qual os membros têm que se separar, nos levando ao outro tópico sensível: é o primeiro vídeo da carreira do grupo em que eles não têm cenas juntos.

Se dói ver cada um dos 8 membros em seu próprio cenário e ouvir o lamento transmitido por suas vozes, vai doer ainda mais quando ativar as legendas: a letra de Turbulence é extremamente íntima, relacionável e de uma maneira não-tão-sutil conversa com a de Eternal Sunshine (segunda título da parte 3 desta era, que falamos sobre no episódio 34 linkado antes do vídeo). Em suas andanças, cada membro do grupo questiona sobre quem costumava ser e o que aconteceu com suas lembranças. Não dá pra entrar em muitos detalhes aqui e teremos outro episódio sobre eles em breve pra falar disso, mas posso resumir em uma palavra: lágrimas.

Turbulence checa todos os itens para se tornar uma música de legado como é Utopia na discografia do ATEEZ, o que é maravilhoso, e a parte mais interessante é que ela não só conversa com uma faixa do EP.3, como duas! Seu chant, ao final, pode te soar familiar porque é: está em Wave (que também fez um comeback no EPILOGUE através do Overture que eles apresentaram na abertura do Kingdom) e pra provar que os produtores do grupo não dão ponto sem nó, a letra de Wave é resposta direta à de Turbulence, ou seja, ATEEZ o próprio “toda história tem um final feliz, se não está feliz é porque não chegou o final.”

Ouça o nosso episódio sobre a era FEVER do ATEEZ

2. CIX – Off My Mind

Caio

Para uma música de “apenas” 3:04, “Off My Mind” é espantosamente paciente na forma como introduz e administra as suas influências. O começo, com a batida eletrônica 4/4 apimentada por estalos de dedo e sintetizadores graves, evoca um synthpop limpo e seguro na melhor tradição de artistas como Little Boots e – porque não – NU’EST.

Já na segunda metade do primeiro verso, no entanto, guitarras discretas chegam para anunciar um refrão de estrutura geniosa: primeiro sussurrado como um segredo por cima de bipes eletrônicos, e depois explodindo em gritinhos, guitarradas e pacotes de cordas que trazem o sabor inconfundível da disco music para a faixa.

Quando o segundo verso incorpora um baixo funkeado à batida e as vozes do CIX se multiplicam ao fundo em melismas e harmonizações (o “phantom, phantom, phantom” de Hyunsuk no pós-refrão é indelével), o ouvinte já está vendido: essa é uma confecção pop espetacular, daquelas que te capturam para um outro mundo por três minutos, que conjuram todo um ambiente a partir do momento que você aperta o play.

Nada mais apropriado para uma canção que fala sobre uma mente emaranhada em ilusões, lembranças e arrependimentos. É extraordinariamente fácil – e prazeroso – se perder dentro de “Off My Mind”.

3. The Boyz – Hypnotized

Cambs

Quem já ouviu o minisódio onde falamos do The Boyz e seu single álbum Maverick (e que foi logo depois do minisódio todo dedicado ao grupo) já sabe o que achamos dessa música. Mas aqui é o momento de falar dela com um pouquinho mais de detalhe, enquanto relembramos que foi uma surpresa a música ser tão boa quanto ela é em comparação a farofa que foi Maverick (música).

Nesse mesmo minisódio, vocês me ouviram citar Rag’n’Bone Man porque desde que Hypnotized saiu ninguém pode me convencer que ela e Human não são primas de segundo grau. A cadência das duas músicas são similares e suas marcações são feitas de maneiras diferentes, mas que poderiam facilmente sentar juntas no lanche. Rag’n’Bone Man utiliza de um coro enquanto Hypnotized aposta em uma distorção de baixo. As meras semelhanças segundo as vozes da minha cabeça acabam aí, entretanto, porque o caminho que Hypnotized toma é bem diferente da mensagem de Human.

Ainda sem sair do mundo das músicas primas e que sentam juntas no lanche, todo mundo tem a prima gótica suave, e a de Hypnotized é Red Sun, do Dreamcatcher. Lá, as meninas fizeram um ótimo trabalho em seduzir e hipnotizar o ouvinte com seus vocais suaves e toques de caixinha de música, prestes a avisar que mais tarde teria tortura psicológica.

Hypnotized é quase isso, mas aqui o instrumental é simples e ao invés de ter caixinhas de música, o ritmo que te prende é feito exclusivamente por uma linha de baixo e percussão, que a aumentam e diminuem de volume de acordo com a parte da música. Ela é praticamente stripped, acústica, porque além desses dois instrumentais o que você tem são os vocais todos em um registro mais baixo, que é o ponto extra de sedução para que você termine igual a letra da música: hipnotizado.

Te dá vontade de ouvir de novo e de novo e de novo, o hypnotized que os meninos falam e sussurram aqui e ali preso na cabeça e o instrumental simples e pontual te envolvem de um jeito que você nem percebe. E é simplesmente ótimo.

Ouça o nosso episódio sobre a era Maverick do The Boyz

TOP 15

4. WOODZ – Sour Candy
5. KEY – Saturday Night
6. Monsta X – Mercy
7. Lee Hi – Intentions (mini 26)
8. AB6IX – Do You Remember (EP 33)
9. ONF – Dry Ice
10. Gaho – Part-Time Lover (vídeo)
11. AKMU – Everest
12. E’LAST – Muse (EP 35)
13. StayC – Slow Down
14. Stray Kids – Winter Falls
15. TWICE – FILA

Música Título

1. KEY – Bad Love

Cambs

Eu sei, eu sei. Você deve estar olhando isso aqui pensando “Meu Deus eles vão falar de Bad Love de novo?“. E a resposta é: sim, rs. Em nossa defesa, não tinha como não colocar Bad Love, tanto música quanto álbum, nas nossas listas, e esse é o resultado. Vai ter mais depois, calma ai.

Mas voltando ao que interessa, Bad Love é uma música ótima. E é por isso que a equipe KPT fala tanto dela porque meu deus que música BOA. O retrô anos 80 dos sintetizadores pop é perfeito, e lá no Episódio 32 onde fomos completamente controlades sobre Bad Love, o Caio apontou que era um conceito Tears for Fears (o que me deixou em choque por não ter pego a referência antes, não nego) e é exatamente isso. É a batida pra cima e dançante com uma letra e história não tão brilhantes assim, que são carregados pelo vocal sentimental e potente do Kibum.

A parte final da música é também seu ápice, então é sempre importante mandar aquele salve extra. Da ponte pra frente a emoção se intensifica e é tudo um grande pontinho de exclamação até os momentos finais da música que são carregados pelos oooh oooh ooooooooh ooooooh libertadores. Representações reais do gif do Bob Esponja flutuando e virando uma bola de luz.

Tudo funciona perfeitamente bem, e não colocá-la em listas de melhores do ano é simplesmente um crime e falta de caráter. Brincadeira… Ou não, você não precisa dessa negatividade de quem não reconhece uma obra de arte dessas na sua vida.

Leia nosso texto sobre “Bad Love” e a temática do relacionamento abusivo no k-pop

2. WOODZ – Waiting

By

Quando sairam os primeiros teasers de Waiting, a gente soube como fato que a música conversaria com Love me Harder, faixa de 2020 oriunda seu primeiro mini-álbum Equal, não sonoramente, mas com elementos paralelos àquele que até achamos que teria uma sequência até desistirmos de esperar.

Tanto no vídeo de Parake quanto no de Waiting, há uma brincadeira com Groundhog Day (Feitiço do Tempo, 1993) no qual o protagonista parece acordar sempre no mesmo dia, sempre após ser atacado por sua amante, mas a diferença principal é que Parake usa de um tom bem humorado, como quem se diverte com o que está acontecendo mesmo que o personagem de WOODZ comece a ficar cada vez mais enlouquecido com essas repetições, demorando a entender o que lhe aconteceu.

Waiting realmente tem cara de sequência. Como se, após entender seu destino, WOODZ mudou de curso só para ser perseguido por sua amante novamente. Em dramáticos 3 minutos e meio, novamente entramos em loop ao acompanhar as repetições da história de um homem que não consegue escapar de um ciclo que continua o puxando para dentro e sonoramente a música entrega tanto quanto entregou os visuais. Cinematográfica em todos os aspectos, talvez sua genialidade fique ainda mais evidente ao observar que essa faixa fecha um álbum chamado Only Lovers Left (que vamos falar sobre ali pra baixo).

Um pacote completo como sempre entrega nosso querido Luizinho.

3. PIXY – Addicted

Caio

Não se deixe enganar pelos ruídos de arma de fogo inseridos na produção de “Addicted”, ou pela batida intensa de hip hop que domina a música durante o primeiro verso da rapper Lola – ao invés disso, a chave para entender a title do álbum mais recente do PIXY é a ponte, levada pela voz suave de Sua e por uma combinação delicada de piano analógico e cordas.

“Addicted” é, em seu coração, um número épico de soul music, encapsulado pela cadência ofegante que marca o último verso de seu refrão, onde as meninas do PIXY se declaram suplicantemente “vi… ci… a… das…” em seu interlocutor. E quem carrega os momentos mais intensos dessa conexão da faixa com o gênero são as vocalistas Ella e Dia, que esticam as vozes em tons ardidos e emocionais durante os refrões.

Intervindo em meio a essa canção perdida das Supremes transformada sofisticadamente em noise music (sintetizadores rasgados, grunhidos graves e arranhões agudos arrepiantes), a rapper e compositora Satbyeol rouba a canção com seus versos climáticos, que abrem mão da cadência simétrica do hip hop por uma expressão quase falada do mundo sombrio e particular do PIXY.

Poucas vezes o “barulho” característico da 4ª geração do k-pop soou tão bem.

Ouça o nosso episódio sobre a era Temptation do PIXY

TOP 15

4. E’LAST – Dark Dream (EP 35)
5. BTOB – Outsider (EP 32)
6. PinkFantasy – 기기괴괴
7. Dreamcatcher – BEcause (EP 31)
8. Purple Kiss – Zombie (EP 32)
9. Eunhyuk – be
10. Monsta X – Rush Hour
11. ATEEZ – Deja Vu (EP 34)
12. Ha Sung Woon – Strawberry Gum
13. IVE – Eleven
14. Hwa Sa – I’m a 빛
15. Weeekly – Holiday Party (EP 27)

Álbum

1. KEY – Bad Love

By

Se teve algo que nossa equipe não calou a boca sobe neste segundo semestre, foi o álbum do Key. De comparações à Rihanna ao headliner do nosso episódio 32, neste ponto de 2021 será que existem mais formas de falar sobre Bad Love?

Bom, pra começo de conversa, quem gosta de música, especialmente as que transcendem o sonoro, terá muita dificuldade em não gostar deste álbum, porque como comentamos no EP32, ele foi montado para ser uma trilha sonora – grandioso, coeso, arrebatador. E como já falamos da música título agorinha, quero focar nos lados B que ajudaram a compor essa verdadeira obra prima que redeu a primeira vitória da carreira solo do Key.

Com seis faixas intrinsecamente conectadas que ainda assim têm cada uma sua própria cor, viajamos por uma aventura romântica de cidade grande na qual as coisas estão fadadas a dar errado. Um amor ruim, fosse por ser entre as pessoas erradas ou pelas certas no momento errado (Hate that…), interprete como achar apropriado, só saiba que que Key não cantou um final feliz. Tal qual Bruce e Selina, o relacionamento aqui está destinado à tragédia mesmo que seus momentos mais animados (Helium, Saturday Night) queiram fazer o ouvinte ter uma pontinha de esperança.

Assim como os outros dois álbuns que compoem o top 3 desta lista, Bad Love foi estruturado de uma maneira impecável e satisfatória, mas que mesmo assim vai te fazer voltar pro começo quando a última e melancólica faixa terminar. Redondo, bem amarrado, e com gosto de quero mais? Todo álbum devia ser assim, mas poucos realmente conseguem. A gente teve sorte de encontrar uma quantidade interessante deles em 2021.

Ouça o nosso episódio sobre a era Bad Love do KEY

2. WOODZ – Only Lovers Left

Caio

A forma como o Only Lovers Left, mini-álbum mais recente de WOODZ (nosso eterno “Luizinho”), mostra suas garras aos poucos durante as suas seis faixas é um testamento à consciência pop com a qual ele foi feito.

Começando com um R&B quase acústico com mensagem fofa para os fãs internacionais (“Multiply”), o disco flerta com as guitarras durante as duas canções seguintes, “Thinkin Bout You” (que não estaria fora de lugar em um disco de Usher) e “Sour Candy” (uma grande homenagem a Prince, se você me perguntar), mas a virada para a segunda metade do álbum é chocante mesmo assim.

“Kiss of Fire” mostra WOODZ abraçando a influência do rock na produção do disco, abusando de baterias e guitarras ao mesmo tempo que cria uma pérola de sensualidade inspirada pelo tango (É sério! Um dos tangos mais famosos da argentina tem uma versão muito popular batizada “Beso de Fuego“). “Chaser” só faz escancarar ainda mais esse mergulho no rock, e “Waiting” fecha o ciclo ao trazer (em 3:07) um épico de bateria e violão que remete – bear with me here – à forma como a clássica “Hotel California” usa esses instrumentos.

Para um artista que parecia tão confortável e tão articulado dentro do R&B em seu outro lançamento do ano (Set, que entrou na nossa lista de melhores do primeiro semestre), Only Lovers Left serve para mostrar que WOODZ não está acomodado àquilo que sabe fazer melhor do que ninguém – há ainda, dentro dele, a energia criativa para tentar coisas novas e testar a própria excelência em outros territórios. Ainda bem.

3. CIX – OK Prologue: Be OK

Cambs

Lá em cima, vocês viram o Caio dizendo que Off My Mind te leva para outro mundo por toda música, e aqui eu vou não apenas utilizar essa fala dele, como vou expandir para todo o álbum Ok Prologue: BE OK.

O primeiro álbum completo de estúdio dos meninos chegou assim como sua nova era e sua história, uma vez que os meninos finalmente chegaram ao Purgatório em sua teoria de A Divina Comédia. O que o futuro reserva ainda é um mistério, mas por enquanto o primeiro passo dessa nova era é simplesmente perfeito.

Uma das marcas registradas do CIX é começar seus álbuns com músicas que vão direto na sua cara e ainda te fazem agradecer pelo tapa, então obviamente aqui não foi diferente. A música de abertura é Bad Dream, que depois ganhou alguns stages de promoção, e ela é poderosa enquanto brinca de ser rápida e devagar e um EDM singelo que te prende do começo ao fim. Off My Mind já foi mencionada lá em cima, e ela vem logo em seguida com seu elemento de disco. Depois dessas duas faixas, já dá para entender que os meninos tentaram de tudo no álbum.

A próxima música é a faixa título do álbum, Wave, que é uma deliciosa faixa de verão levemente barulhenta com seus sintetizadores e EDM. É feita para se ouvir no volume alto e cantar o refrão junto no melhor coreano errado. Ela é feliz, mas provavelmente um feliz com um pezinho de Mumford&Sons em Little Lion Man e Eternal Sunshine do ATEEZ, onde você dança, mas no fundo você sabe que algo de errado não está certo. Dá para perceber isso mais claro quando você assiste ao MV de Wave até o fim, mas não discutiremos sobre este trauma aqui.

Seguindo o álbum, nós temos Lost que veio diretamente da transição dos anos 90 e 2000, com uma pontinha de sintetizadores anos 80, e que muito obviamente passaria na MTV com um vídeo quadrado e efeitos de tela. É ótima para dançar no meio da sala e ficar cantando I’m so lost, lost, lost. Até porque, logo em seguida, com muito mais cara de música anos 2000 vem Genie in a Bottle. Eu sei que você pensou na da Christina Aguilera, e talvez elas morem na mesma rua e se deem bom dia, mas aqui o CIX investe em um tempo mais rápido com mais batidas funky e palmas que marcam as estruturas da música.

Até agora, nós estávamos dançando e pulando (e poppeando…. we jopping), mas CIX é CIX e lembra que eu disse que depois de duas músicas já dava para saber que eles tentaram de tudo no álbum? Então. Esse álbum foi lançado na época de verão, então imagine que a primeira parte do álbum acontece durante o dia, e a segunda parte é quando o sol começa a se por e é hora de se divertir de maneiras mais de boa. A música 20살 marca a mudança de suavidade do álbum, sem perder a ritmo dançante e energético, mas ela tem esse ar de ser mais leve. ICE também ganhou um stage, e ela é toda trabalhada naquele R&B gostosinho, chiclete e meio feito para seduzir que o Baekhyun faz tão bem (collab when!).

In&Out vem em sequência e ela solta a mão do R&B para abraçar o ritmo de funky house e pop com tempo lento. Aquele riff de guitarra que ouvimos tão bem em Lose Yourself do Dance, do Daft Punk, aparece no refrão para o transformar em algo que te faz flutuar de tão gostoso que fica de ouvir. Dançar no meio da sala só que mais suave? Tá bem aqui a música pra você então.

Tá sentindo falta de uma representação para você que tá na fossa e quer música triste? Não sinta mais. Confession é a balada triste do álbum e, nossa, ela é triste. O que faz sentido já que a letra fala da falta de alguém e sobre estar manchado com arrependimento. Há quem diga (eu) que possa ser parte da teoria deles, mas não iremos neste âmbito hoje. O piano sentimental que está presente por toda música junto dos vocais sofridos são a cereja do bolo.

E finalmente chegamos na última música que é nada mais do que aquele abraço gostoso que diz que tudo vai ficar bem. Here For You é toda em inglês, que é para mais pessoas entenderem a mensagem de que eles estão lá para nós, para os momentos bons e ruins e que o futuro vai ser bom. Ela é quase acústica, com os maiores destaques sendo o violão e os vocais dos meninos, que é para deixar aquele calorzinho no coração ainda melhor.

Aqui fica um salve extra para o BX, que não apenas é rapper, mas também é um ótimo vocalista e agora produtor que trabalhou no álbum e assim deu mais a carinha do CIX para ele. O Prologue: BE Ok é ótimo do começo ao fim, com uma diversidade musical que consegue conversar entre si. Os vocais são outro ápice de cada música, então é… CIX, né minha gente. Incrível.

TOP 15

4. ATEEZ – ZERO FEVER: EPILOGUE (EP 34)
5. Monsta X – No Limit
6. PIXY – Fairyforest: Temptation (mini 25)
7. The Boyz – Maverick (mini 25)
8. Lee Hi – 4 Only
9. ONF – Popping
10. AB6IX – Mo’ Complete (EP 33)
11. AKMU – Next Episode
12. Do Han Se – Blaze
13. TWICE – Formula of LOVE: O+T=<3
14. SUNMI – 1/6 (EP 32)
15. Dreamcatcher – [Summer Holiday] (EP 31)

3° K-Pop Top Awards

A gente sabe que vocês ainda devem estar se perguntando o que é esse KPTA no título, então sentem aqui rapidão que nós vamos explicar. O K-pop Top Awards, ou KPTA, é uma premiação Super Séria (não) que nossa equipe faz. Já fizemos duas edições semestrais, e essa é nossa primeira edição anual, dá pra ver o que rolou acompanhando essa tag aqui.

se você prestou atenção, essas listas levam o fofo nome de “Esquenta KPTA”. O que isso quer dizer?

Bom, primeiro sim, foi uma forma de ajudar nossos leitores, seguidores e ouvintes a lembrar o que foi lançado de bom ao longo do ano porque sim, vamos ter a terceira edição do K-Pop Top Awards!

O anúncio oficial será em alguns dias, mas já podemos adiantar que durante o mês de janeiro você poderá indicar em 12 categorias e votar em 20, além de concorrer a um sorteio na nossa parceira Taeilsmate Store com um prêmio que só contaremos quando for a hora certa, então fiquem de olho (mas se você quiser se preparar, a dica é: tenha conta no twitter, siga nosso perfil e o da loja).

Teremos indicados pela equipe, por júri técnico de convidados e pelo público, tudo para formar um top10 e deixar vocês, nossos queridos ouvintes, votar em seus favoritos. A premiação começa mesmo no mês que vem, então não deixem de ficar de olho no nosso twitter para mais informações sobre quando e como indicar e votar nos favoritos de vocês, viu?

K-pop pra quem gosta de Rihanna

Nesta nova coluna do K-Pop Top, nossa equipe quer indicar aos amantes de música ocidental alguns bons exemplos de k-pop que possam lhes interessar, sempre baseando no seu gosto ocidental. Isso porque o plano é pegar lançamentos de k-pop (sejam nas chamadas “músicas título”, seja nos lados B de álbuns) que conversem com o tema – seja em letra, sonoramente ou pela sua vibe.

Para começar, a By – que adora mandar um “o elogio é que se parece com algo que a Rihanna lançaria” nos episódios do podcast – parou pra analisar a discografia da sua cantora favorita e compará-la ao melhor do k-pop que é a cara da princesa de Barbados (indo, mais ou menos, de álbum a álbum selecionar as faixas) e se você é fã da Rih-Rih, talvez seja a hora de conferir esta lista.

Bora?

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Music of the sun

Se você gosta de…

Pra começar no clima de verão, já que estamos em dezembro, eu trago a primeira música da Rihanna que eu ouvi: a apaixonante If it’s lovin’ that you want, ambientada na praia com seus jeans de cós baixíssimo e transição para uma noite de luau que eu quis participar durante toda minha adolescência. Pra quem não sabe, Rihanna e eu temos a mesma idade, então eu vivi a carreira dela quase toda entendendo muito bem sobre o que ela estava cantando. Aos 17, Rihanna era uma artista procurando um amor de verão, o que é um pouco mais inocente do que acontece em…

Vai gostar de…

Party, do Girls’ Generation, lançada uma década depois, mas ainda assim emula o mesmo sentimento de ir curtir a praia com as amigas e terminar o dia naquela mini-aglomeração deliciosa que só um fim de semana no litoral pode fornecer – especialmente se você não for de cidade praiana, como é o meu caso. Com transições parecidas, coreografia fácil e refrão chiclete mesmo sendo cheio, essas duas faixas deliciosas são pra você ficar feliz e colocar na sua playlist da viagem que vai fazer quando for seguro de novo.

Good girl gone bad

Se você gosta de…

Um dos marcos da carreira da Rihanna definitivamente foi o lançamento de Disturbia, uma faixa sobre a loucura da mente que te faz rebolar mesmo que a letra seja sobre algo obscuro. O conceito dark rola solto no k-pop também e tem estado bem presente em 2021, como nosso podcast previu que aconteceria, mas poucos foram tão eficientes e emularam a energia desta faixa da Rih como fez o…

Vai gostar de…

…Pink Fantasy em seu comeback recente, Gigi Gwegwe (lançada pouco depois do nosso episódio 31), cujo pézinho no rock deu lugar à uma faixa dançante de sonoridade com aquele efeito hipnótico de música boa que prende sua atenção. Tal qual Disturbia, Gigi Gwegwe (lê-se gui-gui gue-gue) soa boa desde o início, mas só melhora e ao final você tem certeza que vai precisar ouvir ainda muitas vezes antes de seguir com a vida.

Quando se pensa em música sensual pra dançar no meio da sala, uma das que está no topo da minha lista é Sell me candy. Lembro que quando ela foi lançada, me inspirou tanto que eu até escrevi fanfic em cima dela 🤭 Com uma letra sobre [quem sabe, sabe] e uma performance bem sugestiva, o k-pop perfeito para comparar é ela: Candy, do Baekhyun.

E nem é a única vez que ele vai aparecer nessa lista porque eu sou biased os dois artistas são lados da mesma moeda, vou provar. No caso daqui, além de serem duas músicas sobre doces (que não são doces de verdade), as duas são sedutoras e te fazem querer largar tudo para fazer o que está sendo cantado – tanto pela Rihanna quanto pelo Baekhyun (inclusive falamos dele no episódio 20). Um verdadeiro banquete pros bissexuais, honestamente.

Rihanna tinha 21 anos quando o “Good Girl Gone Bad” foi lançado, o álbum que alavancou sua carreira com a marcante Umbrella e a solidificou ainda mais com faixas como a lendária Shut up and drive, no qual ela interpretou uma mecânica sexy de carros de corrida, levando elementos de rock (que fez muito roqueirinho torcer o nariz, mas quem liga) pra uma música de barulho que marcou o final da década de 2000. Pop de qualidade questionável, mas gostável de um jeito que não dá pra negar, não se faz uma farofa assim no ocidente como nos entregaram na primeira década do milênio – então ainda bem que tem o k-pop pra cobrir esse buraco.

21 também era a idade dos membros mais velhos do Cravity em janeiro de 2021 quando eles mandaram seu 3° mini-álbum “HIDEOUT: BE OUR VOICE” com a duvidosa faixa título My turn que levou mais ou menos 2 minutos para fazer a nossa equipe dizer “bem, essa é a melhor música ruim que já ouvi na minha vida” (título que, depois, seria tomado por Tear drop, do SF9). como contamos no episódio 21. Cheia de referências a carro, bem barulhenta e, importante, chiclete, My turn evoca o mesmo sentimento de Shut up and drive mais pela vibe do que pela letra ou sonoridade, admito, mas mesmo assim é bom e pode ser que te surpreenda.

Rated R

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Tinha muita Opinião rolando solta em 2009, um ano chave na carreira da Rihanna por causa da ascensão que quase foi interrompida. Conhecida por lançar um álbum por ano (bons tempos), quando ela insistiu em colocar no mundo o “Rated R”, muito se especulou sobre o tipo de som que ela entregaria, então nada poderia ter sido melhor que Wait your turn, no qual ela declara que continua no topo de seu jogo, independente do que quer que tenha acontecido com ela.

Vai gostar de…

Quem mete essa na cara dura é o Zico, ex-líder do grupo Block B, ao se juntar com Crush e o Dean pra lançar Bermuda Triangle, uma chamada “diss track” que pode ser resumida com aquele meme icônico brasileiro de “e houve boatos de que eu estava na pior…” Com a mesma energia de Wait your turn de mandar um “é fofo que você ache que é melhor que eu, mas tenho notícias para te dar”, quem ama um hip hop fedido com melodias maravilhosas não vai querer pular essa faixa.

Já faz mais de uma década, mas quando ouço Fire Bomb, ainda fico arrepiada e prestes a chorar, porque ela tem aquele aspecto de correnteza de sentimentos. Ela vai pra frente e pra cima sem pisar no freio mesmo nos seus momentos de “calmaria” e você não tem escapatória além de ir junto.

LOVEDRUNK, do Epik High com o Crush, faz exatamente o mesmo. Ela soa menos agressiva que Fire Bomb, admito, mas transborda em sentimentos sobre esse relacionamento que tropeça na linha entre amor e abuso tal qual a música da Rihanna. E se você assistir ao vídeo de LOVEDRUNK, vai entender ainda mais o que quero dizer, porque a atuação de IU e Jin Seoyeon foi impecável e talvez até te faça chorar, caso você esteja num dia pra isso.

Em Fire Bomb – que, creio, é minha música favorita da carreira da Rihanna – ela canta “acredito que só resta para mim e para você sermos consumidos pelas chamas”. O título coreano de LOVEDRUNK é, conforme apontou um comentário no Youtube, 술이 달다 (romanizado: suri dalda) e pode ser traduzido como “o álcool está doce”. Sendo uma bebida amarga, se seu gosto é doce, isso quer dizer que a vida de quem bebe está mais amarga ainda. Conseguiu enxergar a dor e a beleza que as duas músicas têm?

Outra das minhas músicas preferidas da carreira da Rihanna é o dueto que ela fez com will.i.am cantando sobre as fotografias que restaram de um relacionamento ruim que ela ainda sente saudades – de certa forma, o eu lírico está preso nessas Photographs e na falsa felicidade que elas emulam, por mais que ele saiba que não era bem assim. É uma faixa upbeat que te engana por ser sobre coração partido e mesmo assim é maravilhosa e infelizmente caiu no esquecimento dos lados B sem vídeo promocional.

Eu cheguei no k-pop em 2018, quando instagram, do Dean, ainda tocava sem parar em todas as playlists possíveis e imagináveis. Como alguém que não sabe falar a língua, a primeira coisa que te atrai nesta faixa é a melodia dolorosa de millennial que é expressada pela voz suave de Dean, mas depois, olhando com calma o vídeo e a letra, você descobre que ela é sobre a falsidade da vida em quadradinhos de fotos no Instagram e o quão EXAUSTO a gente fica com isso. Escondido num tom acústico de guitarra elétrica está uma Crítica Social Foda™ que pode até não ser sobre um romance, mas também fala sobre a falsa felicidade retratada em fotos, mesmo que se saiba que a vida não é bem assim.

Pra completar a trinca das Maiores da Rihanna de acordo com as Vozes da Minha Cabeça, quero falar de Cold case love, uma faixa produzida pelo Justin Timberlake (algo que explica muita coisa, sonoramente falando) lá no finalzinho do “Rated R”. Nesta faixa, uma das mais cruas da carreira da Rih-Rih, ela canta sobre um amor de arquivo-morto que ainda a prende e sobre como ela quer se soltar dessas correntes, já que ela cumpriu sua pena. Dolorosa e com um final suspenso, recentemente foi lançada uma música no k-pop cujo sentimento de desespero é muito idêntico.

Então sim, esse é mais um episódio do KPT falando de Bad Love do Key. Como comentamos no episódio 32, o mini-álbum inteiro dele funciona maravilhosamente bem como um todo (que é o caso do “Rated R” também), mas é na faixa que dá nome ao álbum que Key resolve cantar com todas as letras sobre a libertação deste amor ruim, abusivo, que o vem consumindo. Embora haja um diálogo continuado nas faixas seguintes, fica no final dessa título um ar um pouco mais positivo do que foi em Cold case love, mas ainda assim suspenso, e você descobre porque ao ouvir as demais faixas. Honesto como Rihanna foi, direto do estômago como nem todo mundo consegue fazer direito, não tem como colocar as duas faixas juntas e não perceber suas semelhanças.

LOUD

Se você gosta de…

Em épocas melhores, Rihanna e Drake eram uma dupla de força, mas o ponto de virada da dupla provavelmente foi na chiclete What’s my name?, uma faixa sobre estar tão apaixonade que você até esquece quem é. Sabe qual faixa do k-pop tem a mesma vibe – tanto em letra quanto em sensualidade?

Vai gostar de…

Ela mesma, UN Village, do Baekhyun. Faixa título do seu álbum de estréia solo, muita gente (eu) ficou morrendo de vontade de ir para o bairro chique de Seul ver as estrelas com Baekhyun. A letra da música descreve um encontro romântico perfeito que sempre me faz pensar no que Drake disse quando rapeou sobre “as coisas que podem ser feitas em 20 minutos”.

CONTEÚDO SENSÍVEL: Agressão sexual

Piadas com Unfaithful à parte, o clipe de Man Down deu nova luz para a música de Rihanna quando ela se torna o destino final daquele que abusou dela. Eu lembro de ter assistido este clipe ao ser lançado, e por algum motivo a minha lembrança vem com aplausos ao final, quando a história se encaixa. É claro que o fim que foi consequência dos meios exibidos em Man Down são bem extremos…

…mas este aspecto de encarar seu abusador está refletido em Gunshot, do KARD quase que cena-a-cena – se você conseguir deixar sua imaginação ir longe assim – com a diferença que o inimigo da letra do KARD não tem corpo: trata-se das palavras que dizemos a nós mesmos e que são ditas para nós. Falamos disso em detalhe no túnel 14, que foi publicado recentemente e a lição que fica, tanto de Man Down quanto em Gunshot, é que nessa briga não existe vencedor.

Talk that talk

Se você gosta de…

Uma das melhores simbologias sexuais tem a ver com bolo. Colocar cobertura no bolo, comer a cobertura do bolo, cair de cara nesse bolo… Pode soar inofensivo para o ouvinte desavisado, mas olha… de inocente não tem nada. Em vários momentos, Rihanna cita o tal bolo ao longo da sua discografia, mas foi na faixa de transição Birthday Cake (que deixou os fãs IMPLORANDO por uma versão completa. Acredite em mim, eu estava lá) que ela abriu mão do pudor para deixar bem claro do que se tratava. Em geral, basta prestar um pouco de atenção na sonoridade de faixas que levam essa analogia, ou no comportamento dos artistas que a cantam, como é o caso do…

Vai gostar de…

…NCT U em Make a wish (Birthday Song), pra perceber o real significado dessas palavras. Pra falar a verdade, quando Make a wish foi anunciada, a gente pensou “hmm… com esse título só pode ser uma clássica Bomba do NCT™”, então qual não foi nossa surpresa quando, na verdade, eles estavam cantando sobre soprar uma vela daquele bolo de aniversário, sabe? Aquele. Tal qual Rihanna cantou e diversos outros artistas do lado de cá cantam sobre. Com um assovio viciante, fica difícil não gostar dela (como comentamos no minisódio 10), mas é só depois de dar uma olhadinha na letra que ouvir Make a wish se torna uma experiência diferente, mesmo que desse pra suspeitar depois daquela Cena do Lucas. Dá play, você vai saber qual – mesmo que nem saiba quem é Lucas. Pode botar fé.

Unapologetic

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Eu estava intrigada, porque precisava existir um motivo plausível para eu gostar tanto de Money, da Lisa, tão fácil. Não poderia ser apenas a Síndrome de Estocolmo dos vídeos de TikTok, eu não sou TÃO FÁCIL. E aí tocou Pour it up no meu spotify e entendi.

Vai gostar de…

Porque embora seja a versão clean, a faixa tem a mesmíssima energia de rebolar no chão coberto de dinheiro que a gente gostaria de imitar. Ambas as músicas são fedidíssimas, metidas a besta e trabalhadas no aspecto chiclete de ostentação que às vezes é inevitável gostar.

ANTI

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Se você, assim como eu, morre de amores pelo vocal cru da Rihanna, aposto que também não mede elogios para o “ANTI” inteiro (seu melhor álbum desde “Rated R”, eu disse o que eu disse). Visceral, se tem algum álbum no k-pop que combina com ele, definitivamente é o…

Vai gostar de…

“Bambi”, do Baekhyun (um dos vocalistas principais do EXO). Não à toa, tem duas músicas dele só neste bloco, porque seria o encontro perfeito. Principalmente aqui, porque se você conseguiu sentir na voz da Rihanna o sentimento que veio direto de seu âmago ao cantar Higher, com certeza vai sentir o mesmo vindo do Baekhyun em Cry For Love, que também é uma das melhores músicas de 2021.

Também dá pra usar de toda uma simbologia quando se equipara o “ANTI” ao “Bambi”, como o jeito que a Rih colocou em nossos colos o melhor álbum da sua carreira e então picou sua mula tem tudo a ver com como Baek deixou o auge da sua arte aqui, para os reles mortais, enquanto vai passar um tempinho no exército, mas…

…quando se ouve Love on the brain e a música título do Baekhyun, Bambi, em sequência, você entende melhor porque os álbuns andam juntos: ambos não são o último que vimos desses artistas. Ambos são, na verdade, orgasmo em forma de música. Então se você amou uma, com certeza vai amar a outra. Dá play pra eu provar rapidão aqui.

Música de sexo é uma coisa que a Rihanna sempre fez (Let me e That La, La, La do “Music of The Sun” estão aí e não me deixam mentir) e depois de um tempo a gente meio que ficou esperando que tipo de música de sexo ela lançaria, então quando ela liberou um clipe EXPLÍCITO para a sensual Kiss it better um bom tempo depois do álbum ter saído foi… Incrível. Cantada a uns 60% respiração e completamente sensual, com um instrumental limpo que deixa a voz da Rihanna se sobressair, eu diria que o equivalente a Kiss it better é nenhuma outra além de…

U R, faixa escrita pelo membro mais novo do Monsta X que está presente no álbum “Follow – Find You” (que, se você perguntar pra qualquer fã deles, é gatilho de trauma, mas isso não vem ao caso). Com bastante espaço pros vocais de Hyungwon e pro tom rasgado de Minhyuk, lembro perfeitamente do momento lá em 2019 quando cheguei nesta faixa e mandei uma mensagem pra Cambs: essa música é música de oral. E eu acho que ela concorda comigo, porque o surto não foi pouco. E também acho que se essa não é a mesma energia da música da Rih, não consigo imaginar qual seja.

Considerada uma das joias do álbum, Desperado faz jus ao nome ao ser uma faixa intensa e emocional mesmo em seus momentos mais sutis. Sua versão de palco conta com uma guitarra chorosa que deixa tudo ainda muito melhor nessa música que já é ótima – mesmo que ela soe como o tipo de música que não era pra você gostar, sabe o que quero dizer?

Honestamente, The 7th Sense do NCT U não tem o mesmo tipo de emoção de Desperado, mas neste caso, quis parear as duas músicas por causa da sonoridade e das escolhas de mixagem utilizadas nelas (e talvez teria sido melhor escolher uma versão de estúdio para colocar ali na Rihanna, mas é que eu gosto tanto de ao vivo que não resisti). Dá uma ouvida nelas lado a lado e me diz se estou viajando.

E por hoje é isso que eu tenho pra comparar, porque se deixar, fico o dia todo aqui ^^’ Inclusive, se você gostou desta lista, dessas comparações, conta pra gente, seja nos comentários aqui ou pelas nossas redes sociais, porque iríamos adorar saber sua opinião.

Tem alguma música da Rihanna que você seja muito fã mas não está na lista? Ou alguma que você achou o pareamento meio inusitado? Quais seriam os seus pares de Rihanna com k-pop? Conta aí, ok?

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“Nothing but bad love”: Quando homens falam de relacionamentos abusivos no k-pop

Na coreografia de “Bad Love”, melhor registrada no vídeo de performance da canção ou na primeira aparição de KEY para promovê-la no MCountdown, o integrante do SHINee faz um teatro curioso com a sua trupe de dançarinos. No início, eles parecem estar em compassos diferentes, em uma luta constante para decidir, entre si, quem tem o comando dos movimentos no palco. KEY dança de maneira frenética, expansiva, e os dançarinos giram ao redor dele, aparentemente (mas ensaiadamente, é claro) indispostos a seguir seus comandos.

A tensão que se instala ali, de uma forma quase subconsciente, absorve o espectador para este cabo de guerra, e a coreografia trabalha uma progressão divertida de sincronia entre artista e dançarinos. O momento chave vem no segundo verso, quando KEY se posiciona à direita do corpo de baile e, com as mãos, direciona os movimentos deles – formação que logo evolui para um “túnel” no meio do qual passa o artista, liderando cada par de dançarinos em um passo de dança diferente.

É performance pop como narrativa, e é parte da explosão de significado que foi “Bad Love”, uma obra tão detalhadamente concebida e apresentada que o seu texto se torna praticamente inescapável: KEY está falando de um relacionamento abusivo. Mais até, no caso dessa canção título, ele está falando da libertação de um relacionamento abusivo, de tomar o controle de volta e “domar” seus demônios e suas memórias como ele “doma” os dançarinos no palco.

Não há pedaço seu em mim”, diz o artista em uma parte do refrão da música, declaração catártica refletida também, nos últimos segundos, nas notas longas e doídas que soam como o exorcismo final do monstro “lindo, mas cruel” do qual ele fala durante toda a letra. É uma afirmação de identidade, e essencialmente de autoridade sobre si mesmo, que faz parte da recuperação de quem já foi controlado e definido por um parceiro.

Parte da genialidade do Bad Love, o álbum, é como ele começa com esse grito de liberdade para só depois nos conduzir pelo caminho tortuoso até ele. Nas canções seguintes, KEY e seus colaboradores recorrem várias vezes à imagem do sufocamento que faz parte da clausura (seja ela literal ou psicológica) do relacionamento abusivo – tanto “Yellow Tape” (“Você me tira o fôlego/ Não posso respirar/ Inspira, expira”) quanto “Helium” (“Garota, eu admito/ Você me enche como hélio/ Faz meus pulmões”) desenvolvem seus refrões nesse sentimento, literalizando-o em uma dificuldade de respirar expressada por melodias flutuantes que imitam um ritmo ofegante.

O disco acerta em cheio ao conflagrar a intensidade da paixão inicial com a natureza violenta do relacionamento. É dessa obsessão romântica, dessa necessidade do outro, tão intensa que borra as linhas do aceitável e do compreensível, que se cria o ambiente ideal para o abuso, KEY parece nos dizer. Daí também que, em “Hate That…” e “Saturday Night”, a obsessão continue após o fim do relacionamento, mostrando um apego sofrido à fantasia de um amor que nunca realmente existiu.

Você me machucou na frente de todos/ Por favor, me cure quando estivermos sozinhos”, pede o artista em “Saturday Night”, no que talvez seja o verso mais cru do álbum todo – diga-se de passagem, em uma das duas canções que o próprio KEY escreveu. A música, disfarçada de banger disco (em uma dualidade que Robyn aprovaria), é um apelo desesperado, mas também desesperançado, por algo que negue a realidade vivida, e marcada de forma indelével no corpo e na mente, de quem já esteve em uma relação abusiva.

Já a beleza de “Eighteen (End of My World)”, segunda faixa de composição própria do Bad Love, é justamente acompanhar enquanto KEY se reencontra consigo mesmo. Escrita como uma carta ao seu eu mais jovem, a canção incentiva o KEY adolescente a “sonhar e voar alto”, mesmo com todos os erros que ele admite ter cometido pelo caminho – tantos que às vezes é até difícil encará-los. A virada lírica da bridge, em que o cantor diz ao seu jovem alter-ego que “adoraria ver o fim do seu mundo com ele”, emociona porque um abraço tão radical de si mesmo é um ato de coragem suprema em qualquer circunstância, e um passo em direção à verdadeira cura para alguém que carrega as cicatrizes que KEY expôs durante o álbum.

No ciclo que se fecha perfeitamente na obra-prima que é o Bad Love, o grito de libertação que finaliza a faixa título, lá no começo, só parece mais rico, mais importante e mais significativo depois de ouvir o disco todo. Mas, além de ser brilhante por si só, o álbum de KEY se provaria também sinalizador de uma convergência temática interessante, no k-pop, nos meses seguintes ao seu lançamento. 

“Make me cry, cry, cry”

Depois da despreocupadamente sexy “Feel Like”, que marcou o seu início do ano, o solista WOODZ retornou em outubro (algumas semanas após o lançamento do Bad Love de KEY) contando uma história muito mais perturbadora – no MV de “Waiting”, ele aparece enclausurado em um apartamento escuro, decorado com as reminiscências de um relacionamento, de polaróides com rostos apagados a prendedores de cabelo e rolhas de vinho usadas.

O momento climático da obra, no entanto, vem quando a mulher de quem WOODZ está se lembrando bate à sua porta. Vendo-a pelo olho mágico, o cantor exibe uma expressão de choque e desaba diante da entrada do apartamento, se contorcendo no chão enquanto ela tenta forçar a maçaneta. Filmado em ângulos inclinados que comunicam o seu quase ataque de pânico, WOODZ acaba abrindo a porta – em take reminiscente de outro, no meio do MV, em que ele apareceu deitado no chão, desolado, enquanto a sua parceria ia embora. Não vemos o que o artista encontra do outro lado, mas ouvimos um disparo de arma de fogo. 

Na letra, ele se coloca na mesma posição de fragilidade que encarna no vídeo: “Oh, por que você me enlouquece?/ Por que está fazendo isso comigo?/ Me fazendo sangrar/ Eu estou tão insano/ Tento te apagar, mas você me faz chorar, chorar, chorar”. Cercado por baixos e percussões marcantes, rasgados por guitarras aqui e ali, combinando com o clima de alt-rock anos 90 do restante do disco, “Waiting” é uma canção sedutora, envolvente, sim, mas não sensual. Ela é machucada demais para ser descrita assim.

Outra coisa que ela tem em comum com “Bad Love”? Em ambas, no pós-refrão, os cantores abrem mão da verbosidade das letras e deixam os sentimentos transbordarem em vocalizações desenhadas para serem gritadas a plenos pulmões por quem ouve, do outro lado do diálogo que compõe toda obra de arte. E não demoraria mais do que uma semana para “Waiting” encontrar suas próprias sucessoras temáticas naturais.

Em 12 de outubro, o DJ e produtor Raiden fez sua estreia solo com “Love Right Back”, cantada por TAEIL (NCT) e o rapper IIBOI. Carregada por teclados e cordas exultantes, a canção revela as delícias de se ver livre de um relacionamento tóxico, com versos afirmadores como “eu tomei coragem e tirei meus dois pés do chão/ eles disseram que eu ia cair/ e que sentimento bom”, cortesia de IIBOI, e um refrão saboroso em que TAEIL declama que, se seu parceiro “ama desse jeito”, ele “quer o seu amor de volta”.

Um mês depois, Mark Tuan (GOT7) lançou o solo “Last Breath”, que retoma a imagem recorrente de sufocamento abundante no Bad Love. Toda cantada em inglês, a canção passeia pelo território familiar do R&B contemporâneo – a semelhança sônica com “Stay”, de The Kid LAROI e Justin Bieber, não é coincidência -, mas traz um apelo claustrofóbico em sua letra: “Tenho um último suspiro em mim/ E sei que você quer arrancá-lo do meu corpo/ Você está com suas mãos na minha garganta/ Então só respiro quando estou sozinho”.

“Baby, I’m preying on you tonight”

Essa conversa densa e multiconectada entre lançamentos tão próximos em termos de data, dentro de um mesmo ambiente cultural (o k-pop), e englobando exclusivamente artistas masculinos, inevitavelmente faz pensar sobre como nossos popstars homens tradicionalmente lidam com narrativas de abuso – e não é preciso lá tanto insight para descobrir que a resposta é que eles não costumam lidar de forma muito saudável com elas.

Exemplo egrégio e, acredito, simbólico da forma como homens cantam sobre abuso no pop é “Animals”, do Maroon 5. Incluída no disco V, de 2014, a canção traz o vocalista e compositor Adam Levine cantando sobre a sua paixão visceral por alguém que nega seus avanços e o enreda no que ele chama de mentiras para impedir que o suposto relacionamento vá adiante.

A fundação da letra são as comparações do envolvimento entre os dois com o comportamento instintivo associado aos animais. “Talvez você ache que pode se esconder/ Posso sentir seu cheiro há quilômetros de distância/ Exatamente como um animal”, canta Levine em um dos refrões, completando em outro verso que os dois são como inimigos, mas “se dão bem quando [ele] está dentro [dela]”.

No clipe, enquanto isso, o vocalista interpreta um açougueiro obcecado por uma cliente, vivida por Behati Prinsloo (na época já sua esposa na vida real). Seguindo a deixa da letra, ele persegue a modelo pelas ruas e até tira fotos dela dormindo sem que ela perceba, além de fantasiar cenários sexuais banhados de sangue e aparecer deitado ao lado dela, tentativamente estendendo a mão para tocá-la, em algumas cenas.

A discussão mais óbvia a se ter aqui é sobre a sexualização de uma situação de abuso, é claro. Em “Waiting”, por exemplo, WOODZ brinca com ritmos embriagantes para evocar a sedução e a paixão que precedem a toxicidade, mas cria um mundo visual sombrio para contrastá-los. É apropriado: em uma situação de abuso, sexo nunca é de fato sobre sexo, e sim sobre poder, sobre controle – e não há nada de sensual em estar sob esse tipo de controle diante de um parceiro. 

Em contraste direto com isso, o clipe do Maroon 5 se demora em imagens lúridas, o que (crédito devido ao diretor, cujo trabalho foi interpretar a canção) conversa diretamente com a forma como “Animals”, a canção, trivializa os atos de abuso do seu narrador. É importante notar que cultura pop não existe em um vácuo, e o mundo em que todas as canções que citamos neste texto foram escritas ainda justifica, encobre e até incentiva, sistemicamente, o abuso de mulheres por parte dos homens em sua vida.

“It’s just the way you burn me” 

“Animals” é, portanto, sintoma, e não doença – mas isso só faz de “Bad Love”, “Waiting”, “Love Right Back” e “Last Breath” quebras de molde mais fascinantes e mais cruciais. Porque, em um mundo que justifica, encobre e incentiva homens perpetuadores de abuso, o homem vítima de abuso também se vê perdido socialmente. A notória falta de recursos institucionais para amparar homens que sofrem abuso psicológico, físico e sexual deriva, fundamentalmente, de uma falta de diálogo social sobre a existência e a experiência desses homens.

Na criação doutrinária da masculinidade, não há espaço sequer para que o conceito de abuso possa tomar forma. O que é abuso quando, a vida toda, a ideia de impor dominação sobre o outro foi colocada como a lógica fundamental de todos os seus relacionamentos? Se entender como vítima de abuso, nesse contexto, é renunciar a um pilar fundamental da masculinidade, construído em cima de ideias como a de que o homem “sempre quer sexo”, ou que a suposta primazia física do homem sobre qualquer parceiro o torna incapaz de ser abusado.

A fragilidade pulsante de uma “Saturday Night” rompe com todas essas ideias de maneira decisiva – e obviamente não é à toa que seja o k-pop fazendo isso. Em uma perspectiva histórica, a indústria musical coreana sempre esteve à frente do seu tempo quando se tratou da transgressão de estereótipos masculinos e de dar um espectro de expressão emocional mais amplo para seus astros (paradoxalmente, não para a maioria de suas estrelas, muito mais confinadas a uma feminilidade sufocante – mas essa é uma outra história e, de novo, cultura pop não existe em um vácuo).

O fato é que, para quem viveu situações semelhantes às descritas por KEY e seus colegas de “bolha temática” deste segundo semestre de 2021, ouvir e ver essas narrativas tomando forma dentro do cenário pop é importante pelo mesmo motivo que arte sempre é importante nesse mundo – para espelhar, moldar, e simplesmente fazer companhia, às nossas próprias histórias.

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