Super Junior renova o fôlego do kpopeiro em São Paulo

Por Byzinha

Embora eu tenha amigos me mostrando k-pop desde meados de 2009-2010, eu não cheguei aqui quando tudo era mato, portanto, eu não estava no Super Show 5 de 2013, quando o Super Junior veio pro Brasil pela primeira (e ao que tudo indicava, única) vez.

Super Junior | Acervo pessoal

Já se passaram dez anos desde aquele show, e agora tenho um pouco de rodagem no k-pop, o suficiente para me dar um emoji de arvrinha 🌳 ao invés da famigerada mudinha 🌱 que indica o quão novo alguém é em determinados assuntos. Eu tive a chance de ver BTS, Monsta X e Jay B até agora, e todos eles foram excelentes, você pode apostar que foram, mas tinha algo que eu queria muito em meu currículo caso a oportunidade chegasse: marcar presença num show de veteranos de verdade, da galera de quando tudo era mato e eu nem tava aqui.

A oportunidade veio e no formato de um dos grupos mais icônicos, um dos símbolos de longevidade na carreira artística da Coréia do Sul: o próprio Super Junior.

Agora, pode ser que você, como eu, não ouça tudo que o SuJu já lançou, mas se você nem ao menos souber da importância que eles têm pro k-pop, vou ficar um pouco preocupada. Na estrada há quase 18 anos, tanto sua cartela de hits quanto cada um dos membros é proeminente na indústria de entretenimento e simplesmente NÃO DÁ pra ter passado pela vida sem ter ouvido pelo menos Sorry Sorry, Bonamana ou Mr. Simple, mesmo que seja em cover de programa de formação de grupo.

Cada uma dessas faixas icônicas estava no setlist do show do dia 9 de fevereiro que teve cerca de 2h30 de duração no Espaço Unimed, e INCLUSIVE tivemos a icônica arrancada de camisa do Leeteuk em Bonamana, que foi cantada quase inteira na extensão de palco que ficava bem pertinho de mim, então posso dizer com confiança que esse foi um dos melhores shows da minha vida 😏

Quer dizer, eu não sou uma vadia, mas quem sabe
Setlist do Chile. A diferença pra cá foi a música final, que cantaram Ai se eu te pego

O show, intitulado Super Show 9, começou exatamente às 20h com uma intro tão longa quanto foram os VCRs intermediários para troca de roupa. Ao longo da noite, cada um dos 8 membros em turnê – Leeteuk, Yesung, Shindong, Eunhyuk, Siwon, Donghae, Ryeowook e Kyuhyun – foi apresentado diversas vezes em conceitos diferentes e essas pausas eram longas o suficiente não apenas para que eles pudessem trocar de roupa como pra gente também correr pra fazer o um xixi, se necessário.

Depois da intro dramática, os Super Juniors finalmente subiram ao palco como marionetes para cantar Burn the floor e The crown, faixas do álbum de 15 anos do grupo e do inesquecível Time_Slip respectivamente, mas foi só em Mr. Simple que a gente percebeu a BENÇÃO que era aquela plataforma estendida em pleno Espaço Unimed.

Nunca antes na história desse país

Geralmente, em casa fechada assim especificamente no Brasil, é bem difícil montarem uma estrutura mais elaborada para os shows. Naquele mesmo Espaço Unimed, quando ainda se chamava Espaço das Américas, vi o show da turnê We Are Here do Monsta X, que em outros países levou a estrutura complexa, mas não aqui. Quem tava na pista comum – como nós – precisou enxergar os meninos no palco entre celulares e bastões levantados e não foi uma experiência muito confortável (embora o show tenha sido ótimo). Isso também aconteceu no Jay B, lá no Vibra e o NCT até conseguiu meter uns elevados diferentes no palco, mas nada de ir pro meio da galera.

Mas o Super Junior não é todo mundo. Lembro da fanbase comentando que estavam “montando o palco” e de pensar “que palco, vai ser a mesma coisa de sempre” e ainda bem que eu estava errada, porque de repente eu estava vendo o Super Junior assim:

Yesung. Acervo pessoal | Essa foto é mais pro final do show, mas isso é porque não gosto de ficar filmando/fotografando, gosto de estar presente. Nada contra quem filma tudo, é só preferência pessoal mesmo.

Essa estrutura se tornou tudo pra mim. Eu já tava feliz em ver o Super Junior em terras brasileiras, mas pertinho assim?? Perto o suficiente pra eu ENTENDER o quão bonito Eunhyuk é?? Pro coração disparar toda vez que Kyuhyun virava na minha direção? Pra poder reclamar do Siwon entrar na frente do Kyu em todas as minhas fotos? Pra poder dizer que “ver Leeteuk tirar a roupa” é uma das coisas que posso riscar da minha bucket list? Eu nunca poderia imaginar!

Por favor, produtoras de show de k-pop, tenham essa mão na consciência, levem alegria pro povo. O próprio Leeteuk comentou sobre o preço salgado dos ingressos, então assim, que jeito maravilhoso de gastar nosso dinheiro, uma rampa e um anexo de palco pra fazer a alegria do kpopeiro BR. Merecemos.

Energias renovadas

Depois de tanta sofrência – digo de maneira geral mesmo, com gestos amplos – foi satisfatório sair do Espaço Unimed ao final daquele show. Entrei como uma ouvinte casual, saí como acreditadora (e um pouco apaixonada).

Isso quer dizer que o show foi livre de defeitos? Não. Na sequência das baladas, parecia que havia alguma coisa errada, talvez com o retorno, talvez com os microfones de mão, e eles estavam claramente incomodados. Yesung admitiu que estava doente e sua familiar voz mais rouca tinha perdido um pouco de alcance. Algumas vezes, o som estava tão rachado que não dava pra entender o que estava sendo cantado – especialmente na sequência do rock.

Mas de maneira geral, eles lidaram com tudo muito bem. É o que quase duas décadas de estrada faz com um artista, acho. Porque além de tudo, era evidente que eles estavam muito felizes. Shindong passou de um “Oi, meu nome é Shindong” no início do show para um devido “faz o L” no ment final depois de conversar bastante com a gente.

Apesar do resfriado e do microfone, Yesung estava todo felizinho. Ele não tinha vindo em 2013, então sua primeira vez no Brasil foi memorável em diversos aspectos. Ele recebeu muito amor do público, o que foi lindo de se ver. E acharam a mala dele!!! Rolou até uma fotinha de agradecimento nas redes sociais com legenda em português. Yesung é muito nosso, gente. 🤧

Quem também é muito nosso é o Ryeowook. Menorzinho (em altura mesmo) do grupo, ele é todo FOFO. Abria a boca pra mandar um notão? Fofo. Dançava? Fofo. Interagia com o público? Fofo. Cantava Ai se eu te pego sarrando o ar? FOFO. A pronúncia do português dele de milhões, quem ainda não tinha colocado ele num potinho, colocou ali.

Donghae e Eunhyuk? Não quero falar sobre isso. I’m fiNE.

Eu não tô bem, funcionou não.

Brincadeiras à parte, eles são muito bonitos. Tá bom que todo mundo já sabia que o Donghae é muito bonito, mas assim, a câmera… ela não faz jus, não, a nenhum deles. E Eunhyuk???? Hyukjae??? Eu fiquei embasbacada, tipo COMO PODE? E ele tava muito “meu querido, eu sou CANTORA”, foi maravilhoso de ver e ouvir.

Agora, infelizmente eles não cantaram Super Clap. Essa é uma gongada que me sinto na obrigação de dar, porque cabia ela ali antes do encore. Talvez eu seja emocionada porque esse foi o primeiro comeback do Super Junior que eu acompanhei? Sim, mas não importa, faltou Super Clap, I think I na sequência latina e 2YA2YAO, mas a parada com 2YA2YAO é que eles foram conscientes. Ninguém ia sobreviver a uma música com foco no Eunhyuk, não com ele DAQUELE JEITO. Porque parece que o palco deu tanta energia de gostosa pro homem que não tava dando pra gente, não.

Hyukjae: a
Eu:

Inclusive, energia de gostosa é o que eles tinham de sobra. Com quase todos os membros beirando os 40 anos, o Super Junior passa uma vibe madura de fanservice que já é feito por puro LOL. Siwon se apresentou como “seu namorado Siwon” logo de cara; Shindong falou que deveria casar com uma brasileira enquanto Leeteuk tinha certeza que não daria conta de uma namorada BR 😏 Foram sarradas brincalhonas ao som de sertanejo cringy, piscadelas, beijos lançados ao ar e elogios genéricos que aceitamos de bom grado porque estávamos ali pra isso.

Em resumo, Super Junior sabe muito bem o que está fazendo. Mesmo quando as coisas não vão exatamente como o esperado, eles dão um jeito de manter a energia lá em cima e acompanham a empolgação dos fãs com todo entusiasmo que uma turnê há muito esperada pode ter. Eles aceitaram presentes jogados no palco, pegaram celulares para tirar selfies, completaram corações em vídeos e, mais importante, saíram de lá sabendo que o público brasileiro se encheu de fôlego tanto quanto eles, mas não merece esperar outros 10 anos pra algo maravilhoso desse jeito acontecer novamente.

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